O mapa astral de Osho

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      Meu avô queria que os maiores astrólogos da Índia fizessem meu mapa astral. Embora ele não fosse muito rico – na verdade, não era nem mesmo rico, o que dizer de muito rico. Mas naquela vila ele era a pessoa mais rica. Ele estava disposto a pagar qualquer preço pelo meu mapa astral. Ele fez uma longa viagem a Varanasi e procurou os homens famosos. Olhando para as notas e as datas que o meu avô havia levado, o maior astrólogo de todos disse: “Sinto muito, só posso fazer esse mapa astral depois dos sete anos. Se a criança sobreviver, então farei o seu mapa sem cobrar nada, mas não acho que ele vá sobreviver. Se ele sobreviver, será um milagre, pois então haverá a possibilidade dele se tornar um buda.”.

 

     Meu avô chegou em casa chorando. Eu nunca havia visto lágrimas em seus olhos, e perguntei: “O que está havendo?”.

 

     Ele disse: “Preciso esperar até que você tenha sete anos. Quem sabe se vou sobreviver a esses anos ou não? Quem sabe se o próprio astrólogo vai sobreviver ou não? Ele já é bem velho. E estou um pouco preocupado com você.”.

  

     Perguntei: “Qual é a preocupação?”.

 

     Ele respondeu: “Minha preocupação não é que você possa morrer, mas que se torne um buda.”

 

     Eu ri, e em meio às lágrimas ele também começou a rir. Então ele disse: “É estranho eu estar preocupado. Sim, o que há de errado em ser um buda?”. ...

 

     Quando eu completei sete anos, um astrólogo veio à vila de meu avô procurar por mim. Quando um belo cavalo parou em frente de minha casa, todos nós corremos para fora. O cavalo parecia tão nobre, e o cavaleiro não era outro senão um dos astrólogos mais famosos.... Ele me disse: “Então você ainda está vivo? Fiz o seu mapa astral e fiquei preocupado, pois pessoas como você não sobrevivem por muito tempo.”.
 
        Meu avô vendeu todos os ornamentos da casa só para dar uma festa para todos os vizinhos, a fim de celebrar o fato de que eu seria um Buda. Todavia não acho que ele entendesse o significado da palavra ‘buda’. Ele era jainista, e talvez nunca a tivesse escutado antes. Mas ele estava feliz, imensamente feliz... dançando, porque eu me tornaria um buda. Naquele momento eu não podia acreditar que ele pudesse ficar tão feliz apenas por causa dessa palavra ‘buda’. Quando todos foram embora, eu lhe perguntei: “Qual é o significado de ‘buda’?”.

 

       Ele disse: “Não sei, mas soa bem. Além do mais, sou um jainista. Descobriremos com algum budista.”.

        

       Naquela pequena vila não havia budistas, mas ele disse: “Algum dia, quando um monge budista passar, saberemos o significado.”.
 
        Mas ele estava muito feliz apenas porque o astrólogo tinha dito que eu me tornaria um buda. Então ele me disse: “Acho que ‘buda’ deve significar alguém que é muito inteligente.”. Em híndi, ‘buddhi’ significa inteligência, assim ele imaginava que ‘buda’ significasse “o inteligente”.
 
        Ele chegou muito perto, quase fez a suposição certa. Pena que ele não esteja vivo, senão teria visto o que significa ser um buda – não o significado do dicionário, mas o encontro com um acordado vivo. E posso vê-lo dançando, vendo que seu neto se tornou um buda. Isso seria o suficiente para torná-lo iluminado! Mas ele morreu, e a sua morte foi uma de minhas experiências mais significativas. Sobre isso, falo mais tarde. 

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Glimpses of a Golden Childhood, #2

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