Para mim ele não era apenas um avô materno
É muito difícil definir o que ele era para mim. Ele me chamava de Rajah - ‘rajah’ quer dizer “o rei” – e, durante aqueles sete anos, ele conseguiu fazer-me viver como um rei. No meu aniversário, ele costumava trazer um elefante de uma cidadepróxima. ... Os elefantes na Índia, naqueles dias, eram mantidos ou pelos reis – porque é muito custoso: a manutenção, o alimento e o trabalho que o elefante requer – ou pelos santos.
Dois tipos de pessoa costumavam tê-los. Os santos podiam ter elefantes, porque eles têm muitos seguidores. Da mesma forma que os seguidores cuidavam do santo, cuidavam do elefante.
Nas redondezas havia um santo que tinha um elefante; assim, para o meu aniversário, meu avô materno trazia o elefante. Ele me colocava em cima do elefante com dois sacos, um de cada lado, cheio de moedas de prata. ...
Na minha infância, as notas ainda não haviam aparecido na Índia – ainda se usava prata pura para as rupias. Meu avô enchia dois sacos, sacos grandes, pendurados em cada lado, com moedas de prata. Era assim que ele celebrava meu aniversário. Quando eu começava, ele vinha no seu carro de boi atrás de mim, com mais rupias, e ia dizendo: “Não seja miserável – tenho o bastante. Você não pode jogar mais do que eu tenho. Vá jogando!”.
Naturalmente, todo o vilarejo seguia o elefante. Não era um vilarejo grande, não mais do que duzentas ou trezentas pessoas ao todo. Assim, eu percorria o vilarejo, a única rua do vilarejo. Ele tentava de toda forma possível me dar a idéia de queeu pertencia a alguma família real.
From Personality to Individuality, #27